quarta-feira, 14 de abril de 2010

Mrs. Dalloway - o Filme

Ontem assisti ao filme baseado no livro de Virginia Woolf, Mrs. Dalloway. Como a leitura do livro foi, no meu caso, um primeiro contato com Virginia Woolf, a obra não tinha causado tanto impacto por não notar, num primeiro momento, o quanto de Virginia tem a obra.
O filme é fiel ao livro. É claro que com suas limitações, assim como tantos filmes adaptados de grandes obras literárias. Mas o mais importante, todos os personagens possuem angústias que eram as angústias da própria autora. A vida sem entusiasmo de Mrs. Dalloway é a primeira angústia. Os dias passados sem sentido, onde a preocupação única e vaga de sua vida são os preparativos de suas festas, a contestação interna de Mrs. Dalloway ao ver para onde sua vida a levou, à renúncia de emoções, a quase paralisia de propriamente viver.


O soldado o qual, recentemente retornou da Guerra, sofre sérios problemas psicológicos e é tratado por médicos com certo desdém, como simplesmente louco, que precisa de repouso. Foi o que Virginia certamente muito escutou em sua vida. As insinuações do porquê da necessidade do tratamento de isolamento, como uma obrigação, afinal, ele já havia atentado à sua própria vida anteriormente. É essa obrigação que Virginia contesta em praticamente toda sua vida, quando é obrigada a deixar Londres e sua vida agitada, para morar no interior, sem as emoções que lhe causariam tanto mal, afinal, ela também já havia atentado contra sua própria vida. 

É o rapaz que acaba se matando, dando à Clarissa Dalloway, ao mesmo tempo, o incentivo a libertação de seus tormentos, através da morte, assim como a revalorização da própria vida. Afinal, nas palavras de Virginia: 

“Someone has to die in order that the rest of us should value life more.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário