Em março terminei a leitura deste livro, comentei tal fato com a Tati, ela me pediu que escrevesse sobre esta obra.
A tarefa parece simples, apenas parece...
Trata-se de uma obra de Dostoievski, na qual ele pretende reconstruir um incidente, qual seja, o assassinato de um jovem estudante por um grupo de revolucionários niilistas. Na construção dessa história Dostoievski apresenta a sua visão sobre a Rússia, e sobre o “espírito do povo russo”, neste empreendimento há críticas para os ocidentalistas, isto é, aqueles que desejam maior integração da Rússia com a Europa, seja comercial ou culturalmente, além disso, há uma crítica muito forte aos niilistas. As idéias desse movimento se amparavam num tripé: descumprimento das normas sociais, não reconhecimentos das autoridades, por fim os esforços pessoais deveriam ser voltados para a ciência, porque a arte não leva a nada. Essas idéias tiveram um impacto muito forte na Rússia, em especial entre os jovens, num contexto em que se extinguia a servidão, fato que seria uma mudança social, considerada “amena” parte da população russa desejava transformações substanciais.

Sobre as minhas impressões: É um livro que tem um propósito, uma mensagem, que pode ser assim resumida: Abrir mão da cultura de um povo e do livre-arbítrio das ações individuais não é bom; como os movimentos revolucionários se amparam sobre essa base, seus resultados são horríveis. Se o leitor compartilhar dessa tese, a leitura flui bem, se não a leitura pode gerar um desconforto. Apesar do tom panfletário, o estilo de Fiodor está lá, isto é, há reflexões sobre a existência, sobre a morte, passagens memoráveis, por exemplo, “O incêndio é em nossas mentes...” solto assim pode parecer desconexo, mas dentro do contexto... Sensacional!
A leitura é um pouco truncada no começo, pois há uma longa apresentação de um dos personagens centrais, quando os fatos começam a se desenrolar a leitura torna-se dinâmica.
Recomendo, pois vale tanto pela leitura, como para estimular reflexões...